terça-feira, 29 de abril de 2014

Mecânica



se ainda for e for o caminho, o grande mundo
sem idade nem distância
capaz de florir o verbo existir
de parar os operários incansáveis da grande máquina mundi
como se fora o momento de intervalo
no qual todos interrompem as forças de trabalho
para se deleitar com suas marmitas frias

se ainda houver tempo
tempo físico, mecânico
entre estrelas e alvorada
ou sob o sol e as marés
que seja como o sangue e os rios
desviando os caminhos

instante do que permite
uma razão despida e simples
o planar do ser no intra-real
nos mistérios expostos na matéria
e suas formas feitas e desfeitas
faz ver que pode ser longe demais o aqui
e toda sua infinidade

até o momento que começarem os ruídos
dos garfos e colheres no fundo das marmitas
retorno estridente e áspero de ferro e aço
perfurando o oposto
a substância das gentes em armaduras
moldada em fria clausura
para os corações quentes
dos seres obedientes




domingo, 13 de abril de 2014

Diálogos






minha mão pulsa os dez tempos de meus dedos
peregrinos e cegos amantes
pobres eles se me deram luvas brancas pra tocar sua pele
para não haver diálogos profundos
como a impossibilidade de tocar uma escultura mais que com os olhos
corpo que não se separa do estado instituído pelo pensamento
julgando continuamente os desejos lentos
a serem obedientes e nulos
e por que não corromper estes crivos
com a ponte que nega a roupa e tudo que veste
que nega as cores e as texturas
os fios e a matéria destes embrulhos
apenas com o encontro das formas
em um único eixo que nos equilibre
e nos livre dessas penas
num encontro, apenas
de nossos pesos no silêncio de um abraço...