sábado, 1 de novembro de 2014

Ares outros mesmos




estes ares já não são os mesmos
mas o que ou quem mudou afinal?
se não se pode tê-los mais na pele...
neste rosto quieto e estúpido
ou ele é que é sensato e não o sabemos
mesmo sendo nosso rosto

inútil a memória diante das mutações
diante de qualquer lembrança que suscite algum vazio
do tamanho destes ares
enchendo-os até não caber
até serem insuportáveis
para ver
sentir arrepios
ou ter a impressão de ser tocado pelo vento
como nas manhãs em que ia pro colégio
caminho frio

os ares são outros agora
como uma outra língua
nesta manhã de exílio
neste corpo sem fronteiras