sábado, 19 de novembro de 2016

Vez




às vezes a gente perde...
apenas
o que seria
o tempo que esperou
o momento que se soltou

por esperar muito de algo
não contamos, senão, com o que queremos
que talvez ordenamos
ou tememos

às vezes não perdemos
mas somos roubados
por um outro desejo
um outro querer
pela liberdade do indesejável

às vezes pagamos o dobro
às vezes a metade
noutras, é como se fosse de graça
ou bem menos do que vale

às vezes percebemos
o valor de um instante
dos dias e dos anos
no reino do tempo

sempre será uma vez
de alguém ou de alguma coisa
de sim ou de não
só não será a única

  

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Nova






sim,
seria só dizer uma palavra
uma que mudasse a forma de pensar
que tivesse o maior sentido possível
e repetisse dizendo ela
para ecoar
para que ficasse viva, vibrante
que me aumentasse o fogo dos olhos
que fosse música para o texto de minha vida

que recuperasse sua vocação
algo mais que sua categoria gramatical
no apelo do som que reverbera

que fosse útil como um alimento para um faminto
ou como um banho para fechar os olhos
num desejo de alívio no corpo

uma que dita tivesse corpo, olhos, boca, nariz, mãos
um temperamento e personalidade próprias
que pudesse me fazer companhia como amiga
que eu pudesse pensar ser minha

que desse um nome ao que sinto
para que eu pudesse dizer, finalmente
bem-vinda ao meu mundo