terça-feira, 25 de setembro de 2012

Estrela Banida




Na cidade há um mundo
D´um silêncio profundo
Silêncio de um mar
Donde é meu navegar

Por uma noite inteira
Caminhei sem destino
Um homem à beira
D´um menino

Na cidade há uma era
Que não permite a hora
Que guarda e que tem
O que é simples de alguém

Não importa se palavras
Voam como o vento
A verdade é
Um momento

Se foi por minha mão
Ou todos esses anos
Se foi só por dizer
É que agora sonhamos


Se olho o céu sem saber
Se vivo sem entender
se o mistério não diz
Resta só
viver


Recomeço meu dia
Por vezes distraindo
Da lembrança de alguém
Que só me vê sorrindo

Sem importar que a estrela
Não te fale a vida
Basta deixar no olhar
Banida

Resta só caminhar
Meus passos na areia
A canção que é do mar
Me apaga e incendeia

Se olho o céu sem saber
Se vivo sem entender
se o mistério não diz
Resta ser
Feliz

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Deserta




Volto, sem jeito
Atônito, no meio da guerra dos loucos
Na fome dos lobos
Na angustia das sementes tórridas
Na era perdida
Simplesmente, na vida

Sóbrio reencontro com as peças desarrumadas
Reencontro com as horas marcadas
Com o marco dos limites comuns
Desmembrando a unidade de minhas flores
Um outono de pétalas carinhosas
Evitando o chão, como borboletas tontas
Descolorindo o vôo

Meu atordoado pensamento de ventania
Lembro a casa deserta
Minha voz cortada
Meu deserto infestado de idas fugidias

Ainda o vento a tocar seu rosto
Ainda a geometria das sombras no elevado
Torre, intacta
Enclausurada de sonhos velhos
Como a serra da prata
Que parece um brilho de antiguidade

E tudo isso, agora
Em apenas um vago pensamento
Uma dúvida de ter existido
Um enigma
Procurando sentido...