Tenho medo da palavra
Quando sei que não está comigo
Quando sei que não é ela
Quando é oca feito potes de barro
Medo também das que pensam e moldam sentidos
Em caminho seguro, conhecido
Prefiro o descuido
Da que sai errante e sem endereço
Andando em círculos
Cavando uma boca
Procurando uma voz
Ou escondendo secretamente as causas
A que atropela a boa educação
E madorna a escrita com única vontade
De aliviar do cerco do que não tem língua
Tanto prefiro as que tem sons
Para soarem como orquestra
Indecifráveis...
Ainda mais as que transbordam, até secar a fonte
Para sentir nova sede
E chover de novo a vida