quinta-feira, 15 de maio de 2014

Potes de barro





Tenho medo da palavra
Quando sei que não está comigo
Quando sei que não é ela
Quando é oca feito potes de barro

Medo também das que pensam e moldam sentidos
Em caminho seguro, conhecido

Prefiro o descuido
Da que sai errante e sem endereço
Andando em círculos
Cavando uma boca
Procurando uma voz
Ou escondendo secretamente as causas

A que atropela a boa educação
E madorna a escrita com única vontade
De aliviar do cerco do que não tem língua

Tanto prefiro as que tem sons
Para soarem como orquestra
Indecifráveis...

Ainda mais as que transbordam, até secar a fonte
Para sentir nova sede
E chover de novo a vida






terça-feira, 13 de maio de 2014

ich und dich





não! não acredito nesse ser
que o chamam por um nome
e que finge uma postura com costumes imutáveis
que já não sabem mudar mais
se aproveita da impossibilidade de saberem dele
bem o bastante para o desprezarem
saberem intimamente, tanto quanto seu silêncio  sabe minimamente suas partes
Saberem que este ser só sabe ocupar o olhar dos outros
ou da idéia que fazem dele
sim, que faz dele um ele






quinta-feira, 1 de maio de 2014

Lugar





escava dentro
seus desenhos tortos
inquestionáveis e medidos
ao fundo desse corpo sólido e insensato

passos firmes sobre mapas de labirinto
encruzilhando as certezas do centro e da fuga

tremula esse pequeno espelho d'água
da sede de tantas jornadas que cruzaram o meio dia
à margem de todas essas ruas
longe de qualquer traço ou risco desses planos

pequeno lugar no mundo
desorientado e incerto
do ainda
e do sempre