Me dê um bom motivo
Ou me ofereça um café
Pois assim saberei esperar
E sentir-me feliz com o cheiro que vier da cozinha
E depois estarei tão grato, ao menos farto desse pouco
Que não farei questão de nada por um tempo
Pelo tempo que o sabor ficar na minha boca
Até quando me lembrar que me oferecestes
Um bom motivo pelo incompreendido
Pela força que sustenta as coisas tênues
Pelas colunas de cristal
Pelo vinho derramado
Esse gosto roubado pelo desejoso aroma
Pelo preço da garrafa dado ao balconista do bar
Pelo que não se compra nem se pode pagar
Por saber que talvez não haja um motivo
E mesmo assim esperar
Porque o canto é por um motivo, não pelo cantar da canção
Pelo esquecido que existiu
E renascido morre a cada gole
E ter que engolir
Porque assim deve ser feito sem explicar
Porque assim deve ser feito sem explicar
O não fazer
O não fazer, bem feito...