Alma de chumbo mira a leveza das brumas aneladas d´um cigarro
Alma de ouro contempla a discreta luz d´uma taça de cobre
Esperando conselhos ocultos do tempo presente
Pra esse corpo que pesa e se move...
Deixar que o sentimento se expanda novamente
Que inunde as veias
Que visite o pensamento de perto
E onde quer que habite esse sentimento
Lembrar que o sangue que circula em meus pés
Passa em meu coração
7 comentários:
Me senti assim pouco tempo atrás.
E por saber que o sangue que corre em meus pés passa em meu coração, tive medo da reação de meu "corpo".
A hipótese de o sentimento existir apenas nos meus pensamentos e não na outra pessoa me fez paralizar, me fez "não ir ao encontro".
Aliás, foi esta hipótese, que até pouco tempo era uma certeza, foi que me fez "não viver este sentimento" e seguir outro caminho em tempos passados.
Quando se pede conselhos ao tempo... quando se questiona se o sentimento deve se expandir novamente, com certeza já não existe esse sentimento... se houver, deverá ser outro ou mais intenso ou cheio de dúvidas.
Não há questionamento, há uma expansão daquilo que se contraiu, do que se recolhe, se guarda... Assim como muitos de nossos pensamentos... Assim como muitos de nossos desejos...
Penso que o sentimento se altera com o tempo. Com certeza ele não é mais o mesmo depois de guardado. Talvez haja intensidade maior devido a expectativa, mas ao mesmo tempo pode haver também a dúvida oriundo do sentimento "não vivido" e recolhido.
A pergunta é: Devemos deixar expandir aquilo que estava recolhido?
Talvez o tempo não dê a resposta...
Quem poderá nos aconselhar? A razão? O coração? Depende! Depende ... de tantas coisas...
" Encontro pela vida milhões de corpos; desses milhões posso desejar apenas centenas; mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonado me designa a especialidade do meu desejo" (Barthes)
Texto lindo!
Este sentir eternamente amalgamado pela sabedoria e pela sua oposição é, em verdade, tema para muitas telas...
Encontro a beleza de um pensamento que transmuta, uma alma que passa do chumbo ao ouro, e não obstante, reserva em si a consciência de que estes são ainda estágios até sua leveza. Ah, sim! A leveza que traça o paralelo, a leveza que ela anela!
Sentir! Expandir! Este é o caminho do seu real encontro!
Encontro consigo mesmo...
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