terça-feira, 16 de abril de 2013

Mancha







Minha alma
Lençol que sangra o vinho de meu tempo
Aquieta-se como espada na bainha

Ignoro qualquer questionamento sobre o injustificável
Sobre o que tenho feito
Ou desfeito no caminho de minha vocação

Não exijo um lugar melhor para o almoço
Com tantos dissabores já  experimentados
Mas não deixo empobrecer meu gosto
Escondo um requinte de delícias para poucos e raros momentos...
E sei que meu olhar espreita a beleza
Que minhas mãos não esquecem a linguagem dos que se calam

Mesmo assim, quietos meus sentidos
Guardam flores sob a neve
Admiram as manchas do acaso humano
Do descuido do mundo
Que apenas vive
Sob o sol e o luar
Nas janelas de luz nos prédios
Nos becos escuros
Nas paredes de minha alma

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