quando eu for embora
não será meu nenhum dos meus passos
nem escolherei a direção
como os ventos, confusos nos caminhos e casas da vila
que não se vão sem que tenham acariciado as plantinhas do quintal
sem que tenham entrado em sua janela e veludado seu rosto
com o frescor das sombras do Muiarobi
quando eu for embora
será minha essa outra razão que não vive meus sentidos
será um ir embora como são as ruas e as estradas
apenas aguardando o primeiro passo
para garantir a existência delas
não importando o que eu leve na mala
nem o valor da bagagem que me condena
quando eu for embora irei errante, entre moradores
tropeiro, servo do caminhar
irão ciganos os meus dedos e minhas mãos
exilado dos céus de estrelas do meu quintal
o meu olhar
que se fechará como um abraço
pra permanecer no eterno e imaginado
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