à frente, uma porta...
indiferente como qualquer porta
de um prédio qualquer e de qualquer cidade
ali, à frente, com um silêncio inoperante
e a potência extrema dessa nulidade
de pernas cruzadas, mirando-a com olhar sereno
mas que insiste no princípio dessa força
que se projeta desse vazio
querendo criar-me um mundo novo
a poucos passos de mim e meu cigarro
A dizer-me que o outro lado pode ser um outro país
uma outra casa, uma outra cidade
onde a vida sempre existiu
repleta de sua lógica circunstante
a convidar-me ao fundo dessa travessia
aportando meu corpo
e a senha de minhas sete chaves
enquanto permaneço sentado
numa contemplação de quem ouve uma música
no impasse entre a marcha e o ad libitum
a inquietação que tenta sussurrar-me uma campina
enquanto não sei se é noite ou dia
um lado e outro do meu rosto
o possível é o que me toca
mesmo cumprindo esta imobilidade
neste breve momento...
e são tão poucos os poucos passos
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