a vida nos leva
como a aquela gente leva aquele menino e os cães...
o único domínio é o instante
não importam as horas nem os dias à frente ou que passaram
a incerteza é todo esse céu sobre eles
não é pouca a vida
e já é muito para os sentidos
o gosto bom ou até mesmo os sabores ruins
se o esquecem, o menino brinca com coisas
inventa estórias, até o chamarem de volta
tantas, para esse protagonista miserável
rico em travessias
noite tarde, seguem juntos
sua mãe, que dá banho e comida
seu pai, que trabalha com seus braços fortes
estes braços que nunca o abraçaram
Já é muito o que vê pela estrada
e bem pouco o que se pode esperar desse menino
e de seus braços
era apenas mais um dia
e hoje, tantos sem essa urgência de vida
sem essa sua falta ...