sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Ainda


Quando pede um café
Quando pede a conta
Quando reza o dia
Sei que sabe, mas não diz

Segundo quadrimestre
Primeiro andar
Segue na avenida, na esquina, na passarela
No item quarto, na página dezessete
Não diz também

Tanto é preciso
O peso da carne e das batatas
O kilo dessa procura
Pensa nos pratos do vendedor

O olhar do dono
O lucro e o alívio
As bocas e os risos
Não dizem esse silêncio insaciável

Mas apesar de tudo, ainda canta
No samba de mesa
Nas águas que fluem
Na ventania
No gosto da pinga
Do vinho e da canção

O silêncio naufraga nesse mar morto
Nesse sal intenso, transpira
Nesse olhar de dentro
Ainda...



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