quinta-feira, 23 de junho de 2016

Tabuleiro





ao menos tente seguir
quando o vasto mundo se esvaziar
e tudo não te fizer mais aquela companhia

quando perder a graça
dos pequenos sorrisos
e tiver a alma embaralhada
com o corpo insistindo no ainda
sem a surpresa dos arrepios

ignore o vazio
esse companheiro repulsivo
querendo encher os pensamentos
com línguas mortas e sabores frios

melhor lembrar, talvez
de quando estar era intenso
em qualquer coisa

lidar, enfim
com a porção exata de ser alguém
com o espaço incalculável que ocupa
o único pertence
ora peso, ora ventania

quem sabe, viver é sorte
e esse momento é só mais uma rodada
que não deu em nada


sábado, 4 de junho de 2016

modal subjetiva



assim ficou o mundo
estranho, mudo, zombeteiro
poluindo os ares dos inspiradores
com o plasma inodoro do hoje

fadiga que embebeda
estranha natureza decompondo-se
se recompondo talvez
por ser natureza

e o possível, esse compositor
com uma estranha mania
abre-se demasiadamente
para a inconsistência

compositor irônico
se ri das melodias
jaz a harmonia
na simples incompatibilidade
entre a física e a matemática

tem o tom da pedra
o peso da queda
o voo da folha seca

estranha canção sem alma
seria esnobe demais se chamar arte
hipócrita demais se dizer nada

por enquanto
melhor não perder o ritmo
por ora
melhor manter o quaternário

vai restando viver de improviso...