Não sei se já é hora para se tecer um comentário ou se é cedo, ou inadequado, ou tantas outras coisas, mas, depois do que temos apreendido e nos influenciado com o curso de esquizoanálise que Valter Rodrigues vem desenvolvendo com o projeto USINA, acredito que a livre expressão é algo que participa de todo o processo que vem sendo trabalhado nas reuniões. De modo que não vejo por que não fazê-lo!
Poderia ser um discurso apologético de estatificação da figura do professor, não para elevá-lo ao nível do que seu próprio mérito adquirido com sua experiência de vida que já o confere, mas para me aproveitar desse discurso para me caracterizar como um “representante” digno e capaz de avaliar e concretizar essa estatificação. Um elemento necessário para os dispositivos de ativação de vaidades pessoais.
Ou até mesmo um discurso “discursivo”, citando partes de textos e frases de modo que fosse possível verificar a consistência e a profundidade que mergulhei no assunto. Mas, ao invés disso digo simplesmente, não sei se consigo pôr em prática um décimo do que me vem sendo revelado. Digo não somente o que me vem revelando o professor, mas todo corpo enunciativo coletivo que em alguns momentos manifesta a multiplicidade de ângulos e percepções que abrangem aquele universo de significações possíveis, que em um único ser não seria possível abordar em tão pouco tempo, e de forma tão espontânea e idiossincrática.
Poderia, como é comum, partir para uma série de elogios e considerações sobre aspectos positivos, etc. Mas nem isso podemos saber ao certo. Qual valor tem. Se positivo ou negativo. Pois o que mais tenho presenciado são as dificuldades de tornarmos a compreensão daqueles esclarecimentos em sentimentos, e estes em decisões.
A clareza com que a justaposição de liberdade e poderes se confrontam nos é exposta de forma tão tranqüila, ao passo que o reconhecimento de nossos próprios paradoxos nos vem inquirir um posicionamento, já que existe uma nova gravitação. E nela levitamos suspensos em uma liberdade descompromissada, porém, potente.
È como, mesmo sabendo que podemos andar, ficarmos parados... Sentir vontade de andar e temer. Mas sei que uma resistência original foi iniciada para promover uma gravitação de plenitude ainda incompreendida, porém, sentida, percebida em breves momentos. Um direcionamento que se confunde com uma arte de vida. Uma porta que se abre para retomar o ponto em que o ser humano se perdeu da sua plenitude de vida e construiu um mundo para substituir a realidade. Quem sabe, até mesmo essa construção substitutiva deu voz a muitas realidades que ridicularizam nossos fins, e passam silenciosas como objetos mortos como as linguagens em si sem uma manifestação autêntica dos seres.
Bem, essas são minhas poucas conjecturas acerca daquilo que eu não inventei, mas li, nos olhos de meus colegas e traduzi tão vagamente... Se vocês leram e ficaram voando, é porque sentiram a nova gravitação. Pelo menos um pouco dela...
João Omar
2 comentários:
Leu nos olhos dos colegas, e escreveu o que suponho todos terem vontade de escrever...
Eu não consegui. Suponho que vários outros também não.
*Achei seu blog passeando pelos links do Usina... mesmo sabendo que poderia comentar, fiquei parada.
Por que ficar parada? - foi o que me perguntei, depois de ficar parada e calada em todos os encontros do grupo do sábado à tarde.
Incisão de olhar e não precisar dizer. Isso!
**Boa surpresa numa noite de ventania e insônia! Achei esse seu espaço vagando por onde não imaginava encontrar nada parecido!
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