Queria te tocar
Com o indecifrável dos meus sentidos
Que não transpõem do corpo para um além imaginário
Tocar com um silêncio de escultor
Com a entrega das mãos que mergulham no barro
Como mãos de cozinheira
Tão rudes a preparar o sublime
Sem saber como tocar o próprio rosto
Queria deixar minhas mãos leves
Lentas como o azeite
Para te alimentar dum calor sadio
Como criança que só sabe o mais perto
Inteiramente nua para receber a primavera
Com o intenso dos odores
O brilho em sua pele
E banhar-se inteira
Depois adormecer...