era uma noite de rua
toda em paralelepípedos de nuvens
e céu de Van Gogh
e nela foi o abraço de sangue corrente
o toque de mãos fluorescentes
olhar vivo de brilho agudo
era apenas a existência
e tudo que é intransponível ao corpo
era uma vez eterna
uma resposta
tão simples como panelas penduradas na cozinha
a grande obra d'um anonimato
na brevidade
instante em que todos os problemas foram resolvidos
beco perdido
a plenitude em um banco de rua
agora guardado
como a mais bela tela na escuridão da noite
de rara visitação