O tempo passou como uma ventania
essa rajada, essa boca de vento
aqui mais perto, levantou a poeira
e descobriu um pouco, coisas esquecidas
exposto ao tempo
exposto à existência
esse olhar congelado sobre essas coisas
trouxe aroma dos campos, duma primavera imperceptível
das primeiras flores dessa terra de duas estações
e olho essas coisas como se fossem dois tempos
o antes e o agora
é duro o agora ser o depois
não se deve ver a vida assim, tão esticada
nem deve esticar assim esse pequeno corpo
esse ponto que caminha entre as árvores
que caminha sobre a terra
esse olhar agora para o céu
imenso céu, repleto
ver o grande vazio da imensidão
como o infinito dentro da gente quando olhamos para o céu
esqueço, lembro
mas guardo essa vontade de esquecimento
como um telhado que espera sol, dia, noite, sereno...
e vez em quando uma chuva
depois, a ventania secando as telhas
suspirando o frio
e o raiar do dia
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