meu pobre olhar empobrecido...
que me fizeram, pelos meus ouvidos, para perdê-lo tanto assim
e tão lento esse descortinar em minha memória...
as cores que cansei e não mais vi
as formas que se moviam e criavam breves estórias
os sabores da casa de meus avós...
os sentidos que emudecidos de sua própria linguagem
ficaram nessa fôrma de queijo e não como janelas
nesses recipientes limítrofes e não campos abertos...
hoje esmago docemente pequeninas frutas
para ficar com o cítrico perfume em minhas mãos
para tingir-me da doçura
e seguir provando
do esquecimento...
no meu quintal...
Um comentário:
Por que não sei...
"Que é das canções da Primavera? Onde hão-de estar?
Esquece-as, tua música também tem valor –
Nuvens orlam o dia morrendo devagar
Tingem os restolhos de sua rósea cor;
De os mosquitos a dorida serrazina,
Crescente, entre os salgueiros do rio se ouvia,
Diminuindo, se o vento fica mais brando;
Os cordeiros balem na próxima colina;
Cantam grilos, alto, mas cheios de harmonia,
Num quintal, pisco vermelho assobia,
E as andorinhas chilreiam nos céus em bando."
John Keats
Postar um comentário