domingo, 15 de abril de 2012

O resto de nossas vidas









"...o resto de nossas vidas..." Não me lembro quando, mas lembro que essa frase ficou em meus ouvidos. Não sei se é preciso, em algum dia, calcular o que quer que seja, já que não temos controle mesmo sobre a vida. Mesmo que a cabeça, no subconsciente reflita e suspeite de algum cálculo sutil que sempre permanece escondido, latente, ainda assim ou ignoramos ou mudamos... às vezes o que falta é energia. Uma insensatez capaz de reverter o mundo com todo o peso que possa sobrecair nos tempos que estamos mais afastados de uma euforia ou de um sentimento de revolução interna. No momento que nos entregamos num refúgio diário, num lugar seguro... O reconhecido, permanente e estável como um vale natal. Onde se pode acordar por muitas manhãs... muitas...

Temo perceber que a árvore de minha infância se encontra envelhecida... que, talvez, minha vida vá além da vida dessa minha árvore. Essas poucas que ainda são as que alí nasceram e nos ligam a uma história, um passado no qual éramos mais admiráveis pela ausência de tantas coisas...

Subir no terraço e mirar o céu... O som que do vento dissipando nas folhagens do  flanboyant... minha árvore...Pensar... no falso dos projetos de vida... e em tudo que vive, simplesmente...

Hoje estou entre dois continentes, esperando aportar em um outro mundo... onde tenha um pequeno deserto. Para caminhar por uma noite e descobrir, para onde vão todos esses barcos se o mar não tem fim nem começo... ou encontrar um motivo banal de uma viagem. Um carregamento. Uma série de carregamentos como pretexto para sempre criticar as viagens de barco e seus destinos. Destinos miseráveis, definhantes, precisos e implacáveis com suas rotas. Ou nada disso.

Quem sabe devia apenas invadir a casa de meu vizinho para desafiá-lo a uma luta de espadas com muita honra e por uma causa desconhecida, senão a própria aventura. Eu com uma bagem seca de sementes do flanboyant e ele com outra, como incansavelmente lutávamos, como incansavelmente morríamos...
como morríamos! incansavelmente...







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