quarta-feira, 20 de junho de 2012

Miniaturas do olhar







não soube levantar meus olhos pra ver seus objetos
como se meu olhar fosse invadir, intruso, um mundo além do meu
um além  mais antigo, de antes, nesses tempos que são intangíveis
que abrem uma memória sem os delírios instantes
um limiar de simplicidades
como peça que esconde a chave de uma transformação
como qualquer objeto seu sobre a mesa

a esfinge ainda paira sobre os tebanos...
assim como paira o ignorar de cada dia
o grande silêncio do estrondoso ruído do mundo
que veste a nuda alma de cada, toda, pessoa
como um rio que corre sem que digamos: corra!

e agora, confrontado entre a incerteza da vida e a beleza da existência
não sei em que lugar devo pôr  as minhas mais preciosas miniaturas
para além do tempo de além
um além meu
que sabe a intensidade do entendimento de sábios desconhecidos
e teme a proximidade dessas misantropias

não soube manter meu olhar em qualquer mínima peça,
porque queria tecer abraços
pelo portal, de cada uma, que se abria
e sim... não consegui olhar, apenas...
(tanto que queria...)



Nenhum comentário: