É grande o homem que é pequeno
Que nega as alturas
E põe toda sua existência na dimensão de seu corpo
No limite de sua força, na agilidade, no suor, nos pesos que levanta
Na corrida que lhe põe à prova, com poucos diálogos com a inteligência
Deixando-a sem alimentar o suficiente para ela não se libertar
Grande esse homenzinho comum, invisível, feio e ignorante
Completamente cercado de problemas menores, rasos
Ou problemas rudes
Longe dos problemas complexos, refinados... como alguém que prefere não mexer
para que suas mãos não destruam com a indelicadeza dos calos
A inflexibilidade das mãos e do seu olhar
Esse grande homem que guarda seu sentimento simples
Que não vê muitas cores
Que não ouve muitos timbres
Mas que pedala esvoaçadamente uma bicicleta, atrasado!
Que emprega sua potência, toda, ali, indo desesperadamente.
Habilmente, realizando proezas do corpo numa bicicleta, atrasado...
Sem se importar com o resto do mundo, preso num mundo seu, atrasadamente louco
Navegando entre os automóveis de ferro
Como carne entre ferrovias, rápido
Esse grande homem caído e atrasado
Com sua bicicleta desforme
Com rosto sereno... leve, caído
Que não diz de sua vida mínima em seus momentos seus
Momentos talvez de querer uma outra vida
Ou uma outra bicicleta nova
De ir numa festança, onde tem mulheres...
De fazer um jogo... de saber do jogo
De comer um pão com ovo e café com leite...
E agora, para sempre sem tempo
Não sabemos se conheceu alguém para avisar...
Nem se ele se disse...
E e nem dá pra saber se ele amava
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