terça-feira, 28 de novembro de 2017

Que será





ainda assim está presente
mais que nunca
descontente, fazendo-se estar mais ainda
quando se ignora

inventa algum estado de normalidade
para a tantos convencer que passou

muralha que se ergue
para poder romper os dias
e os sentidos que se perdem das coisas
mas que se desmorona na mínima dúvida
de que não passa de uma invenção de normalidade

sem pensar
é apenas preciso
preciso desviar
ser um outro que me sobreponha
ser uma marionete
mover-me
seguir algum roteiro
um que me engane
que me dê tempos, ordens, gritos
que me canse
que me preserve do insustentável

que me derrube
e eu seja sono
que me dê noite
mesmo que ainda assim esteja presente
mesmo estando ausente

de algum jeito será alguma coisa
algo sem jeito
que será





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