Os Autos tiveram sua origem desde o sec. XII com a interpretação de textos que se fundamentavam em momentos da trajetória dos santos, profetas, da paixão de Cristo, sendo muitos deles usados na catequese dos “bárbaros” (das raças sem alma tão massacradas pelo interesse econômico camuflado incovenientemente de religião) e, não obstante, foram sem sombra de dúvida suporte importantíssimo para formação do que mais tarde seria conhecido como ópera, em finais do Sec. XVI início do sec. XVII.
A realização da peça, sob a direção de Roberto de Abreu, se nos mostrou com um domínio seguro da direção, no que não permitiu espaço ao desvio da atenção por algum cansaço. Ao contrário, nos prendeu pela variedade de composição de cenas, pela performance individual dos atores e pela forma como o diretor manteve uma dinâmica consistente a cada quadro. Percebemos claramente aspectos de diálogos que transcenderam ao palco e ao texto do Auto em si, não encerrando a obra em sua própria forma, mas permitindo alguns fluxos próprios de momentos breves de livre desenvolvimento dos personagens. Forma esta já conhecida, porém, nem sempre se consegue êxito simples e direto como neste trabalho. Os atores não se intitulam cantores, mas conseguiram nos passar muito bem os cantos com todos os requisitos para o espetáculo. As composições realizadas pela equipe são de fácil assimilação e se adequaram bem na unidade do espetáculo. Por outro lado nos mostraram que trata-se de um verdadeiro grupo que funciona como um organismo integrado. Seria um excelente exemplo de uma micro empresa cultural na qual todos estão no mesmo barco, verdadeiramente. Espero que Conquista tenha sido um bom porto para ancorar a nau desses nossos conterrâneos brilhantes.
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