Espero a calma
mesma da fumaça lenta do cigarro
bailando na penumbra deste quarto
ao fundo, apenas silhuetas de objetos esquecidos
a cor sépia de um tempo eterno
que desdenha das horas
permito a música
em cachos de melodias nuas
dando voltas
tocando paisagens risonhas
profundas e vagabundas errantes
com ritmos ancestrais na flor de meu sangue
permito o vinho
que derrama seu gosto
e exala nesse espaço plano
a nuvem que me cobre do sol que é o mundo lá fora
um quarto estado, uma vida dentro da vida
enchendo a taça do espírito e do corpo
permito esse copo pequeno
de perfumado café
pra manter acordados
os sentidos simples que necessito
pra beber a sua força
sua cumplicidade com as mentes inquietas
e com os assuntos perdidos
permito esse encontro
que mistura essas cores
que mancha, desenha, inesperadamente
que torna o existente comum
no incomum de cada instante
que torna imenso os mínimos
do bem da vida
Um comentário:
LINDO!! QUE INSPIRAÇÃO!!!
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