Cacarecos
Não sei se por cansaço, não sei, dos redemoinhos, talvez, que não nos permite pensar
quando nada consola ou abre o dia, nessa pausa breve que muda o sentido é um momento das pequenas coisas. Coisas pequenas, sempre em volta, mínimas, as que têm apenas uma história própria.
Pequenos quebra-cabeças, miniaturas de todos os tipos, dadas por alguém. alguém conhecido, que se viveu por anos, ou apenas conheceu em um dia. Um amigo, um amor, um estranho...
Pedacinhos de papel, que se guarda por algum rabisco, como se fosse importante guardar.
Para guardar ridiculamente um momento.
cadernos de música com muitos escritos que não notas musicais, desenhos, versos...
Tantos papeis, pedrinhas, conchas pequenas, uma infinidade
Memória em pedaços que segredam seus valores, sem o valor aparente.
Coisas sem lugar, fora de lugar
Sei que tudo isso que não tem lugar cabe em mim e se uma delas sumisse, sentiria falta
e perceberia o lugar dela.
Só existem em nós. Nem é guardar coisas. O sentimento é que faz isso.
Nem sabia por que guardava com tanto cuidado, mas agora vejo mais claramente e terei cuidado se eu vir algo pequeno por aí. Pois pode ser de alguém.
E não.
isso não é um poema...