é hora de dobrar a esquina
antes de ser atropelado pela desistência
é hora de trocar a cidade pelo vilarejo de dentro
aquele abandonado, empoeirado pelo tempo
esse velho endereço escondido pelo futuro
este monumento que não é invulnerável ao tempo
talvez seja necessário transportá-lo para a metafísica da arte
que é onde se pode eternizar uma flor, mesmo que passem muitas estações
ingenuamente, mas, com simplicidade
e desde que ao revisitar essa representação lhe venha um sorriso
é hora de não ter hora certa, de dar tempo
e ser como o tempo que muda
tornar inevitável o ser para além de qualquer modelo
para além do olhar de todos que estão aquém do seu
olhar esse, talvez, perdido
que espera tanto algo acontecer
esse que nem se vê
nem mesmo diante dum espelho
olhar de pedra, paralelepípedo
nesta via sem passarela