Escrever é uma forma de aproximar-se do outro e de si mesmo. Poesia como forma de criar alívios.
terça-feira, 27 de março de 2012
O contador de barcos
Ela via no reflexo das águas daquele mar
Tantas embarcações...
Barcos de pesca, navios
Até mesmo uma canoa
Dividindo as águas...
Ondulando e desfazendo o céu que invertia o mundo...
E fazia desses barcos quase aves,
Distraindo-se a olhar de um para o outro...
Até que veio a surpresa...
O misterioso que navegava escondido como os peixes,
Num outro mundo...
Como no mundo do céu onde desenham as nuvens paisagens,
Ele, um submarino.
Despontava mágico e lento...
podia ver todos dos navios a contemplá-lo:
Capitães, marujos, cozinheiros tripulantes.
Mágico como uma baleia...
Não era nada. Nada existia.
Nem capitães, nem tripulantes, nem marujos...
Os navios eram alguns restos de lixo flutuando.
A canoa, uma casca.
Uma lata de cerveja que não tinha afundado direito... o submarino...
Tudo aquilo era apenas num esgoto da favela
No mar, puro mar da imaginação duma criança...
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3 comentários:
Puxa!!!
“Acreditar-se-ia ver torcer-se nessa diafaneidade auroreal pedaços de arco-íris afogados. Em outros lugares havia na água um certo luar. Todos os esplendores pareciam amalgamados ali para fazer um que de cego e de noturno. Nada mais impossível e enigmático do que aquele fasto naquela cava. O que dominava ali era o encanto. A vegetação fantástica e a estratificação informe acordavam-se e compunham uma harmonia. Era de belo efeito aquele consórcio de coisas medonhas.”
(…)
“Era, em pleno dia, a ascensão da noite.
Havia no ar um calor de fogão. Uma lixívia de estufa saía daquele amontoado misterioso. O céu, que de azul tornara-se branco, de branco tornou-se cinzento. Dissera-se uma grande ardósia. Embaixo o mar escuro e de chumbo era outra ardósia enorme. Nem um sopro, nem um rumor. Ao longe o mar deserto. Nenhuma vela.
Os pássaros tinham-se escondido. Sentia-se a traição do infinito." "Les Travailleurs de la mer" Victor Hugo
Ah!Brota do âmago a necessidade e a proeza de recriar a realidade, de moldar as agruras e torná-las em suportáveis e belas páginas de sonhos...severo que haja ainda por trás de tudo esta lívida sombra...
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