quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ópera na Bahia

A ópera, numa abordagem estética comparativa, pode ser considerada como um dos gêneros de maior integração entre as artes, ao passo que representa novelas musicais, dramas cantados como um novo desdobramento da literatura. Temas eternos e efêmeros vividos na intensidade dos cantos e recitativos imersos em cenários cada vez mais ricos em detalhes.

A ópera no Brasil foi, em primeira instância, uma importação de uma atividade cultural que era  restrita às classes nobres. Cultura de povos desenvolvidos, valores de uma sociedade que acompanhavam desde o rito do concerto à ópera. Esta última culminava como o momento mais esperado duma arte que fazia parte da educação cultural das boas famílias. Entretanto, no Brasil, há um tempo já não apenas importa-se cultura, produz-se cultura. Este nível de realidade cultural só era possível em países com um significativo desenvolvimento cultural, mas especialmente para o Brasil, com todas as contradições sociais, por volta da virada do século IXX para o XX, inclina-se cada vez mais para uma busca de valores próprios, com referências de identidade que transcendem as relações óbvias de um nacionalismo meramente político para resgatar a relação possível entre aqueles que sentem o valor do pertencimento, da apropriação de valores de sua cultura.
E por quase dois séculos no Brasil há um processo que estorva a vontade de se fazer ópera brasileira, quer por dificuldades de acesso a partituras, ou devido aos diretores  que trabalham pela manutenção de um hegemonia da "grande arte", sendo que está parece pertencer únicamente à Europa, restando aos míseros brasileiros contentarem-se com o consumo destas, como uma mordaça em nossa própria casa.

O Festival da Ópera Brasileira vem com o propósito de dar voz ao compositor de ópera brasileiro ao dar acesso a esses bens culturais à população, contribuindo com o reconhecimento do Brasil como país onde se produz óperas que nos projetam a um status equivalente a países que figuram no cenário mundial da música, a partir de uma forma efetiva que envolve produção, execução e registro. O Festival será sempre realizado na sede da Fundação Casa dos Carneiros, onde está sendo construído um teatro de ópera para comportar o projeto, tendo estas apresentações fora do eixo das grandes capitais, mas em sintonia com teatros e companhias destes mesmos centros para que tais produções não sejam breves e restritas a uma localidade, mas que possam ser reapresentadas pelo Brasil.

domingo, 23 de janeiro de 2011



A tradição da escuta, da apreciação, garantiu que conhecimentos essenciais chegassem até nossos dias. Atualmente, os equipamentos de escuta musical, que viabilizam o acesso facilitado a um vasto repertório, mesmo favorecendo o acesso, têm edificado um entrave que é ao mesmo tempo sólido e invisível: uma “surdez” do detalhe, do que é amplo e diverso, polifônico, da oralidade, uma vez que necessita de volume excessivo para que se possa apreciar a música, além de reconfigurar a escuta, na apreciação estética sem uma consciência clara do objeto artístico e sua forma de execução.