quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

locus

De volta...
Estou de volta
Aos poucos tudo também volta.
Voltam as ruas, construções.
Voltam as casas, paredes, prédios públicos, jardins.
Talvez voltem antes as ladeiras,
Os montes e um recorte de céu
Tudo vem para dar sentido,
Afirmar o lugar-no-mundo.
O lugar do fogão, da caixa de fósforos,
Do tapete da entrada onde sempre pontua: Limpem os pés...
Vejo o lugar na cama,
O lugar das coisas que não têm lugar.
Vejo minha casa.
Vejo até o invisível.
A estrutura ausente.
Vejo e vejo que tudo está de volta.
Meu corpo, meus olhos
Minha vida.
Menos eu

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Os Canta Dores


Sertão
Ser tão óbvio. Ou ser incerto...
Ser deserto

Estradar sem rumo certo...
Concertar, no desconserto, musicar
Acertar por ser Tão certo que será
Ser tão aberto que cantar cantos de aperto
E desertar d´um peito aberto
Violar...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Parla...

Aquele que se livra de saber, não perde a liberdade do estulto, a independência pródiga do que para dormir basta fechar os olhos e calar-se por poucos momentos. Uma natureza rude sem tornar cada assunto uma decisão de vida. Não perde a leveza do que se anima com qualquer conversa mole de balcão de bar. O compenetrar-se com a sinuca, esmerando-se como se nada mais existisse de importante no mundo além da mísera jogada. Misérrimo feliz. Afortunado de ignorância. Rei da banalidade. Melhor não saber que sentir saudades das bolas de sinuca, outrora como pérolas. Que acontece com os seres humanos, esses patéticos barrocos, na condição dos tolos?
Há momentos em que o saber apenas diminui. Reduz, esmaga.
O conhecimento tem qualidades que se afina com a fatalidade. Por vezes é completamente inútil.
A liberdade não são as asas, mesmo que Valèry afirme que devemos ser leves como um pássaro, não como uma pluma, mas, vejo que a pluma é a única condição livre de qualquer desejo.