sábado, 3 de setembro de 2016

Temblor





e foi escrito nas paredes
estes livros abertos
com tantas histórias
estes livros fechados
de memórias desbotadas

muitas sombras dançaram levemente
desformes, se misturaram
sem que possuíssem as cores
pulsando seus pincéis 
na inconstância dos dias claros
e nos embalos dos luminares noturnos 

muitas portas se abriram
para além do quarto
para dentro e para fora
para as ruas da cidade
outras se fecharam
e perderam os trincos

vida sem teto
com cores de frio e calor
casa do acaso
palavras varridas pelo vento

as sombras dançam agora nos becos
umas sempre no mesmo lugar
no mesmo caminho
outras breves manchas sujas
nas roupas do andante

se assombram corpo a dentro
no desmoronado instante
na pluma das mãos tangidas
um espalmar florido 
dum entulho sobre o papel










Nenhum comentário: