sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Pavio


















onde é o lugar,
para aonde subiram os ares do tempo
que o dentro e o fora permaneciam imersos neles
e sabíamos que estávamos neles
pelo incontinente sorriso no rosto e olhar
e por tão leves estarem nossos corpos e almas?
tão desarmados e dispostos
a brincar nesse quintal mundo
extremo oposto da escola
da sala, da sela

brincar de nada dizer ou fazer ao certo
apenas ter o outro ali
única regra válida do jogo
inventando novas regras
para logo esquecê-las
invertê-las

como pode hoje estar o outro ali
sem a ventura
educado, marcado
armado em pensamentos
empenhado em ganhos
a manter única regra densa
vestido, coberto
amedrontado e protegido
encenado

como pode nestas águas
ser escafandrista,
neste sol, estar sob um teto
ou não saber o vento
por trás da janela?

pobre desgosto
nem sabe virar o tempo
permanece revestido de sua segunda pele
esperando um acaso
um amor, talvez
para acender este pavio










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