domingo, 18 de outubro de 2015

tragicomédia




eu tento convencer minha vida
que os passos que dou nessa rua
parte em pedaços o chão
pedra nua do coração
se ela fosse minha avenida
eu subiria na contra mão
ou seria rua esquecida
beco sem saída, esquina
dos bares de muitas canções
casa de poeta alugada
árvore da beira da estrada
em noites de breu e luar

vou pela rua dos desenganos
tentando fazer outros planos
sem de novo ficar na mão
dum verso de uma poesia
corda bamba cada dia
que fica iludindo meus pés
achando que tudo é destino
um circo no olhar de menino
achando que era uma vez
uma flor numa folha vazia
a espera de uma melodia
do pantomineiro outra vez

eu preciso sair dessa vida
preciso achar a saída
e encontrar de vez meu lugar

eu preciso perder esse costume
essa coisa que me consome
de sempre querer, de querer te encontrar

preciso sair dessa vida
de me afogar na bebida
depois ir tombando pra beira do mar

preciso perder essa memória
subir a ladeira da glória
depois ir sambando pra beira do mar
tombando e cantando, pra beira do mar








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