sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O apanhador




era assim...
quando o sol se punha na baía
infestando de ouro as paredes
ardendo cores quentes
despertando sombras inacabadas
como histórias mal contadas

um ouro que nenhum rei tiraria
que em nenhum ombro pesaria

manchas do tempo imperfeito
perdidas no portal de um crepúsculo
encantador de olhares
a diluir pensamentos
quando suave no rosto

era assim
redesenhando a cidade
enchendo os ares
lançando a calma
sobre todas as coisas

o belo chega sempre como a tarde
breve e imenso
e passa esmaecendo
como arte que se rebela
deixando as telas vazias

mesmo o sol, esse pintor arredio
não pode me levar esse instante visionário
de meus olhos fechados
nem sabe que o roubei

guardo e não me pesa
nem perderei

é assim...














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