domingo, 24 de novembro de 2013

Rabisco






nos cantos, nas penumbras
onde não visitam mais nossos olhares
habitam pequenas planuras
e um leve esquecimento de pouso de poeira
onde deslizamos com o dedo
algo sobre o pó de nossos pensamentos
traços cuidadosamente movidos
como se diz um segredo
traços que se desenham repensantes
incompletos como as confissões
que guardam as senhas de verdades
de mal traçados beijos
de momentos que aprisionamos
em garrafas de vinho, vazias
o enigma das flores entre as páginas dum livro
e que cuidamos para não saírem das páginas que as guardam
achatadas como a imperfeição dos desejos
entre mundos inesperados
como o pouco que se vive
do instante que nos vive
e que não é como o vidro, mas sim essa poeira
que nunca se mistura com o vidro, nem a pedra ou a madeira velha
enquanto nossas roupas espreitam
as pontas de nossos dedos sujos






Um comentário:

Angélica Vieira disse...

Muito belo!