domingo, 26 de julho de 2015

Desafinado




perdi o tempo
aquele que é impulso
e que descansa o coração
o que se deixa levar pela cantiga
que me projeta para as esquinas
me faz identificar tons de taças
ver os desenhos na borra do café lavando os copos
e ouvir texturas com as goteiras

o tempo é sem maneiras
movimenta
é instante e tem forma de vento
como esquecimento e despertar

agora tudo parece um pós concerto
sem nova data
instrumentos recolhidos
longe dos dedos e das bocas

não sei quanto tempo demorará essa fermata
gesto imóvel, guardado
nem sei o que faço aqui neste teatro vazio

mesmo assim, em contratempo
sem desmerecer a edição de ponto e linha
ainda sou mais os manuscritos
tão incandescentes quanto inacabados
no bolso de dentro
à espreita das mãos
a qualquer momento



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