segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

entreposto





diz o meu contrário
e estranho qualquer forma de entender

por fora é só um quarto e coisas
por dentro é só uma vida

nesse entreposto pareço estar à beira
já fora de lugar
evitando saber o que transpôs primeiro
e o que ainda é o outro lado

os sentidos tentam violar o rosto
livro fechado lapidando sombras
que parece estar inteiro
mas que conhece o delírio de portas abertas
palavras sujas
e as línguas de fogo

a melhor forma de se voltar é ir embora
ter os princípios sem fins
saber o gosto invertido
rasgar os escritos para permanecer os verbos
desdobrar as certezas e ver o que sobra

mergulho breve
enquanto as roupas secam
sente a lama da pura inconsistência
e as marcas de um corpo vadio

por dentro tantas estantes ainda vazias
por fora um pequeno abrigo







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